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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Júri (in) Popular


Por Ulisses Ciríaco

Sentença dada. Mesmo sem o bater do martelo.
O veredito do júri: Culpado!
O réu, na estúpida tentativa de eximir-se da culpa, valida sua condenação.
O coletivo, submerso nas profundezas das pulsões destrutivas não-canalizadas encontram um caminho só de ida e descarga: a emissão da Ira direcionada a um só objeto.
Eméritos os juízes, os magistrados, os acadêmicos.
Doutos os ignorantes, o povo, a massa, o coletivo.
Que, em nome de uma justa trapaça diplomática, sob a tragicômica máscara da superficialidade das relações expurgam-se da sujeira e dos restos que não podem ser jogados para baixo do tapete, pois, apesar de escondidos, ainda federiam.
Que as pedras que jogarei esmaguem, destruam e desfigurem a cara feia da vingança. Que o transbordar do copo cheio, ao esvaziar-se uma parte, seja apenas um ganho de tempo até que ele fique cheio novamente e volte a transbordar. Um ciclo vicioso e viciado.
Que o réu injustamente condenado pague, mesmo sem dever, para que fiquemos ainda mais ricos de nós mesmos.
Que possamos cada vez mais nos devorarmos, nos usarmos, nos cuspirmos e nos jogarmos fora. Nós a nós mesmos.
Afinal, hoje, o bater incerto do martelo pode se voltar contra qualquer um.
O banco dos réus está vago novamente.

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